Saímos de Carcassonne às 8h e rumamos para Bordeaux, porque tínhamos uma visita ao Château Mouton Rothschild marcada para 14h30.
Antes da visita, porém, tínhamos que ir até a Hertz de Bordeaux para trocar de carro (vencia uma locação e começava outra no mesmo dia).
No meio do caminho paramos num posto, compramos super cola e tentamos consertar uma parte do carro que tinha se soltado. Não conseguimos
colar nada além dos próprios dedos.
Seguimos viagem e pelo GPS achamos uma concessionária da Citroën em Toulouse. Apesar da alegria inicial, quando o vendedor disse que tinha conserto (sem perceber a camada de cola seca), saímos de lá com o carro faltando pedaço porque eles não tinham a peça.
Ligamos em uns três telefones atrás da bendita peça e nada! Lição que fica: nunca compre um Citroën, porque se na França é essa dificuldade para achar uma peça, imagina no Brasil!
Já bem atrasados, chegamos à Hertz de Bordeaux e começamos a negociar a troca do carro. Bom, eu negociava, enquanto o Fernando esperava no carro estacionado totalmente sobre a calçada, num ponto de táxi.
Com muito custo, leia-se, com muitos euros, conseguimos ficar com o mesmo carro e, assim, não perder tempo com a transferência das malas.
Saímos da Hertz às 13h10 e o Château que iríamos visitar estava a 55km de Bordeaux. O Fernando já estava duvidando que chegaríamos a tempo, mas eu sou brasileira!
Parecia que estávamos num rali, tamanha a correria. Para ajudar, não tínhamos o endereço exato do Mouton, só o nome da cidade.
Conseguimos nos perder na cidadezinha e depois de perguntar para as únicas duas pessoa que vimos na rua, achamos o lugar, mega escondido!
Quando entramos pela porta da recepção, peguei o celular e mostrei para o Fernando que horas eram: 14h29.
Mais uma lição que fica: nunca desista dos seus sonhos/vinhos.
Depois da visita agradabilíssima, fomos para o nosso hotel, que fica na área do Médoc (a margem esquerda do rio Gironde, de onde saem vinhos como Lafite Rothschild, Mouton Rothschild, Margaux, Latour e Haut Brion). Ficaremos hospedados outros dois dias na própria cidade de Bordeaux para conhecer a área metropolitana (que é patrimônio mundial da Unesco) e a margem direita do rio, de onde saem os vinhos de St Émillion e Pomerol (Cheval Blanc e Pétrus entre eles).
Blábláblá eno-histórico (a nova ortografia é assim, Prof Pasquale?!), que é culpa do Fernando, superado, vamos ao que interessa!
No Médoc, estamos hospedados no Château Ormes de Pez, que produz o vinho do mesmo nome (bom e pagável) e tem um serviço de bed and breakfast.
Bed and breakfast?! Isto é um Château!!! Quem pensou num albergue da juventude pode pedir perdão umas dez vezes!
O lugar é lindo, charmoso e muito confortável.
Para melhorar, como chegamos numa segunda (realeza é assim), temos o Château só para nós! Isso mesmo, só para nós (e os fantasmas que por acaso habitem aqui...).
Sei que vai parecer comercial das meias Vivarina e das facas Guinzu, mas isso não é tudo!
Ainda tivemos o privilégio de jantar na propriedade, uma comida maravilhosa preparada pelo gerente do lugar, Gilles, que é adorável.
Eis a nossa humilde morada:
Mesa real posta, mãos à obra porque hoje não almoçamos!
Primeiro, para não perder o costume, os tomates: um delicioso gazpacho, muito fresco e em porção gigante! Acho que os fantasmas que habitam o castelo nunca tinham visto dois famintos tomarem sopa tão rápido! Só não lambemos o fundo do prato porque podia ter algum fantasma dedo-duro e porque somos da realeza...não é fácil essa vida de reis!
O prato principal foi paleta de cordeiro com ratatouille. Estava divino! A carne do cordeiro, cozida por horas, desmanchava de tão macia, e estava úmida, saborosa. O tempero do carneirinho e dos vegetais era ótimo também. E, mais uma vez, porção tamanho família real.
Acho que esse povo com coroa na cabeça comia demais, porque ainda precisamos enfrentar dois queijos antes da sobremesa! Tarefa dura...
Desculpem a nossa falha, mas atacamos os queijos, Comté e Saint Marcellin, antes da foto.
Teve ainda uma tortinha de maçã.
O jantar todo estava delicioso e foi regado a vinhos escolhidos na adega do próprio Château. Além disso, nós nos divertimos um monte bancando os membros da nobreza.
Depois de toda a comilança, demos uma voltinha pelas redondezas para a comida assentar mas, mesmo assim, subimos para o quarto de barriga cheia.
O Fernando, que tinha guiado o tempo todo e ficado nervoso achando que ia perder a degustação no Mouton (quem mandou não me escutar?!), estava cansado e dormiu como um rei.
Eu demorei para pegar no sono, o que é raríssimo. Não sei se foi delírio causado pela digestão difícil do banquete, mas juro que ouvi passos de cavalo no corredor da mansão!
Acho que não quero mais ser rainha...