quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Jantar com amigos - Valderez e Pet

Fomos convidados para jantar na casa dos amigos Valderez e Petrelluzzi, carinhosamente chamado de Pet. 
Ela ficou responsável pelas sobremesas e ele pelos pratos do jantar. 
O Pet também é um dos responsáveis pela minha aprovação no concurso, já que ele era membro da banca examinadora. 
Não sou de ficar nervosa antes de prova. Aliás, antes do meu exame oral, não perdi o sono e no dia comi um belo prato de feijoada. Só que na hora em que o negócio ia começar e chamaram meu nome, eu gelei e minha vontade era correr para a porta e ir embora! 
Controlei o medo, respirei fundo e lá fui eu com meu cabelo escovado e semipreso para a cadeira elétrica. E a primeira pergunta foi do Pet: "o que a doutora sabe sobre o princípio da legalidade no direito penal?". Ufa! Isso eu sabia! Fiquei mais à vontade e isso me ajudou no restante da prova toda. 
Apesar de ter dado tudo certo no concurso, prefiro esquecer a cadeira elétrica e ficar à vontade nas poltronas perto jabuticabeira, no quintal maravilhoso da casa do Pet e da Valderez. 
E foi lá no quintal que passamos a noite jogando conversa fora e comida boa para dentro. 

O jantar começou com bruschettas de cogumelos (à esquerda) e de pato, acompanhadas de um sensacional pesto de cebolinha com muçarela de búfala e pimenta biquinho. 

A segunda entrada foi foie gras com maçã verde. Eu bem que experimentei, mas não tem jeito... Eu e o foie gras não nos damos bem. O Fernando amou e ficou contente em comer a minha parte. 

Antes do prato ainda teve uma massa, com um molho de tomates leve e fresco. 

Para fechar a parte salgada, leitão à pururuca com farofa. Como eu disse para os anfitriões, não é fácil impressionar quem vem de família mineira, mas esse porquinho estava maravilhoso! Pururuca sequinha e carne molhada e saborosa. 

Findo o jantar preparado pelo Pet, vieram à mesa as sobremesas preparadas pela Valderez. Um festival de diversos tipos de doces, todos deliciosos. 

Começamos com um mascarpone divino, cuidadosamente disposto em tacinhas individuais. 

Também tinha mousse de chocolate. Fiquei com água na boca só de lembrar!

Teve ainda tarte tatin de massa fininha e maçãs doces na medida certa. 

Se você pensa que acabou... Ainda teve uvas e morangos para quem quisesse aliviar o peso na consciência. O chantilly era para quem sabia que tal alívio era inútil a essa altura do campeonato. 

E lá pelas cinco da manhã, quando os amigos Marcelo e Milena, que nos acompanhavam, fizeram menção de ir embora, a Valderez tira da cartola, digo, do freezer, esses pães de queijo que ela mesma faz. Os mais escurinhos são de gorgonzola e os dois tipos são demais! Os melhores pães de queijo que eu já vi (e comi). 

Depois dos pães de queijo e do cafezinho, finalmente fomos embora, com o dia já claro. 
Apesar da longa duração do jantar, mal vimos o tempo passar, tamanha a habilidade da Valderez e do Pet em receber os amigos. 
Por sinal, nessa noite pudemos perceber que o melhor tempero não é a fome. O melhor tempero é a amizade e o prazer em ter por perto quem a gente gosta. 

domingo, 24 de novembro de 2013

Buenos Aires - Fervor

Mais um post tardio de Buenos Aires, já que a vida sem feriado não é fácil pra ninguém. 
O Fervor é um restaurante muito conhecido pela sua carne e pelo ambiente familiar e descontraído. 
Tão descontraído que um garçom passou pela nossa mesa, viu que éramos brasileiros e começou a tirar várias dúvidas de português. 
Primeiro ele quis saber como falávamos berenjenas e zucchini. Explicamos que era berinjela e abobrinha. Ele anotou tudo no seu bloquinho de pedidos, sorriu satisfeito e saiu. 

Pouco tempo depois chegou nossa entrada: salsicha grelhada. Na verdade, o que eles chamam de salsicha nós chamamos de linguiça. Levemente apimentada, estava uma delícia!

Antes de os pratos chegarem, o garçom-aluno voltou a nossa mesa e perguntou a tradução de membrillo que, com o sotaque portenho, ele disse membricho.
Eu e o Fernando olhamos um para a cara do outro com cara de dúvida e dissemos que não conhecíamos a palavra. O garçom rapidamente correu até a cozinha e trouxe um dulce de membrillo. 
Vimos o doce e o Google e constatamos que aquilo era marmelo e o doce era marmelada. 
Explicamos e o garçom, inconformado, dizia: mas marmelada não é o mesmo que mermelada? E nós: não! Mermelada é geleia...
E assim foi o almoço inteiro. 

Além de ensinar português ao garçom, também comemos no restaurante!

Eu comi essa MEIA PORÇÃO de entraña, um corte que não temos aqui e que lembra um pouco a fraldinha (embora a fraldinha seja chamada lá de vacio), que estava sanguinolenta do jeito que eu e o Dexter gostamos. 

Para acompanhar, purês de batata e de abóbora. 

O Fernando escolheu um ojo de bife suculento e saboroso. 

De sobremesa, petit gateau com bolinho branco, de laranja, recomendação do garçom que, a essa altura do almoço, já tinha virado nosso amigo...

...como bem mostra essa foto!

Saímos de lá lembrando de uma amiga que, certa vez em Buenos Aires, pediu seu omelete no café da manhã do hotel com prerrunto y querro e recebeu exatamente o que tinha pedido. 
Mais uma prova de que, no portunhol, brasileiros e argentinos se entendem. 
Em compensação, no futebol...

Buenos Aires - Chila

O Fernando já conhecia o Chila e me encheu de expectativas, dizendo que a comida era maravilhosa e que o lugar era lindo. 
Ao chegarmos lá, nós dois fomos surpreendidos, eu pela novidade e o Fernando porque o restaurante foi todo reformado. 
Outra surpresa boa logo no começo da noite foi esse cartaz que o garçom nos entregou, que mostrava que todos os produtos usados são argentinos. 
A carta de vinhos também era toda nacional e não faltavam ótimas opções. 
Valorização do produto local. A gente vê por aqui! 

Logo os produtos descritos no cartaz começaram a chegar à mesa, dando início a um dos melhores jantares que tive em terras sulamericanas. 
O chef nos deu as boas vindas com legumes em conserva laminados, mini brioche e um creme de alho poró. 

Também trouxeram uma cesta de pães para escolhermos e, apesar da vontade de dizer "pode deixar a cesta aqui", peguei só essa fatia de pão de vinho tinto. Para os afortunados que um dia forem ao Chila, não deixem de provar esse pão! É simplesmente delicioso. 

A minha entrada arrasou. Um ovo perfeitamente cozido por fora, com a gema totalmente líquida, num creme de vagem e cebola roxa. Apesar do desejo latente de me converter ao vegetarianismo, não foi desta vez: no meio disso tudo havia vários pedaços de gorda e carnosa panceta, bacon para os íntimos. 

O Fernando, para variar, resolveu escolher a coisa mais esquisita do cardápio (será que é para não ter de dividir comigo?): mollejas, que são o timo do boi, e que ele diz que são um dos miúdos mais gostosos que há. Tem isso, minha gente?! Miúdo gostoso?! Fato é que as ditas vieram caramelizadas e acompanhadas por milho em várias versões. Ele delirava quando comia, mas desta vez não caí na armadilha como naquele restaurante em Paris em que acabei experimentando escargot e descobrindo que lesma tem gosto de tijolo!

Voltando às partes normais de um boi, meu prato principal era um bife maturado por 28 dias, incrivelmente macio, acompanhado de purê de arroz. Faltou uma espuma de feijão para tornar o prato uma homenagem ao Brasil. Em vez disso, tinha uma espuma verde e um caldinho que parecia de grama batida no liquidificador. 

O Fernando comeu uma perna de cabrito assada, com vegetais, queijo de ovelha grelhado e um purê de batatas cremosíssimo que ele disse que só perde para o do Joël Robuchon. 
* Momento vigilantes do peso: quanto mais cremoso o purê, mais manteiga ele tem e mais gostoso fica... 

Antes da sobremesa, um sorbet de laranja para limpar o paladar.

Minha sobremesa era divina: suflê de doce de leite com um sorvete de creme que o garçom punha dentro na hora. Ele abre o suflê na sua frente e põe a bola de sorvete dentro, que derrete quase que instantaneamente. Acompanhando, uma garrafinha com a bebida mais antiga da Argentina, segundo nos disseram: um licor de laranja com ovo, que combinava perfeitamente com o suflê e o deixava ainda mais gostoso!

A sobremesa do Fernando era a mais light do cardápio, não sei o que deu nele. Limão e lima em várias versões, com uns cubinhos de suspiros. Nem quis experimentar, porque para mim limão no doce não combina. Gosto de limão temperando a salada, no salaminho, na isca de tilápia frita...

O Chila está classificado pela revista The Restaurant como um dos 50 melhores restaurantes da América do Sul, e é mesmo. Arrisco dizer que ele merecia colocação melhor do que a posição atual.

Mais uma coisa interessante no restaurante é o sistema de pedidos: um menu de três passos (que foi nossa opção) em que você pode escolher o que quer comer em cada etapa, ou um de sete pratos, com escolhas pré-determinadas pelo chef. 
Apesar de ter fome para os sete passos, preferi os três justamente por poder escolher o que queria comer.
Vai que o chef me manda miúdos?! Ou sobremesa de limão?! Vai que eu mando tudo para o prato do Fernando?! Vai que ele manda tudo pra dentro e eu saio de lá com fome?!







sábado, 23 de novembro de 2013

Buenos Aires - Sanjuanino

Lugar lotado, cheio de turistas e argentinos, brasileiro saindo pelo ladrão e instalações antigas.
Essas serão as primeiras coisas que um cliente novato verá no Sanjuanino.
Após o choque inicial, o novato será atendido por um garçom divertido que fala português e sabe de cor os hinos dos principais clubes paulistas. Não bastasse, esse mesmo garçom trará rapidinho as melhores empanadas da cidade, apagando por completo qualquer  má impressão. 
Chegamos ao meio dia, assim que o restaurante abriu. Mortos de fome e sem café da manhã, perdido por causa do sono (nosso voo chegou de madrugada), devoramos as primeiras empanadas sem nem lembrarmos de tirar a foto. 

No segundo round, mais tranquilos, registramos as estrelas do lugar:
Essas eram de carne picante (a de cima) e cebola com queijo, nossa favorita. 

E teve ainda o terceiro round, mais uma vez de cebola com queijo!

Até pensamos em pedir um prato, mas optamos por comer só empanadas, nosso item favorito no cardápio. Já experimentamos outras coisas quando viemos aqui no ano passado, todas muito boas, mas as empanadas são imbatíveis!

E não são só os garçons que são divertidos lá. O jogo americano sobre a mesa traz várias frases engraçadas. 

Uma delas serve perfeitamente para aqueles que se impressionam com o ambiente quase caótico do lugar. 

Só acho que deveriam avisar que é quase impossível não ser guloso e pecador no Sanjuanino. 



sábado, 16 de novembro de 2013

São Paulo - Sal Gastronomia

Post 2 em 1, já que fui ao Sal dois dias seguidos. 
Nunca tinha ido ao restaurante e o escolhi para jantar com uma amiga por causa da localização estratégica, mas claro que a boa fama do lugar e a antiga vontade de conhecê-lo ajudaram.

Apesar do nome curto e grosso, a comida é elaborada e vai muito além do saleiro. Aliás, a mistura de doce com salgado permeia o cardápio, sempre de uma forma equilibrada, incapaz de agredir o meu conhecido paladar infantil. Sim, como eu sempre digo, tenho um paladar infantil, daqueles que não suportam maçã no salpicão e uvas passas no arroz. Acredito, porém, que depois do carpaccio de pombo ele já é quase um pré-adolescente...

No primeiro jantar, dividi a entrada com minha amiga, que come super pouco. Queijo coalho com melaço e uvas verdes. Ainda bem que ela se manteve firme no regime e só comeu um dos triângulos! Assim pude comer os outros dois e me deliciar com esse queijo que tem sempre um gostinho de beira-mar.

Esse foi o prato da Ana, minha amiga. Um peixe branco com  crosta de castanha e legumes. Claaaaaro que, para o bem do blog, tive que experimentar. Maravilhoso!

Eu escolhi o lombo de cordeiro com purê de dois queijos e funghi ao molho de jabuticaba. Estava tão bom, mas tão bom, que foi por ele que voltei ao restaurante no dia seguinte, desta vez com o Fernando, que também escolheu este prato na segunda noite.

No jantar com o maridão a entrada foi palmito pupunha assado, com oleo de castanha e manjericão. Gostamos muito, mas me arrependi de não ter repetido o queijo coalho.

Também inovei no prato principal e pedi costela de porco assada no mel e cachaça, com tomate recheado e farofa de milho e pimenta de maracujá. Que delícia!!!

Além da qualidade dos ingredientes e das invenções certeiras do criativo chef, outro aspecto positivo do restaurante tem que ser ressaltado: o lugar é super legar, descontraído e acolhedor.
Na primeira noite, sentei ao lado de uma distinta família alemã. Na noite seguinte, o ambiente estava repleto de motoqueiros vestidos de couro dos pés à cabeça. Gente diferente atrás da mesma coisa, do mesmo tempero, dos mesmos ingredientes, do mesmo Sal.


segunda-feira, 4 de novembro de 2013

São Paulo - Attimo

Dia de comprar móveis para a casa nova e lá fomos nós, acompanhados pela paciente "arquiprima" Carol. 
Já eram quase três da tarde quando conseguimos parar para almoçar e como estávamos em Moema, decidimos ir ao Attimo. 
Sem muito tempo para um almoço demorado, porque a caçada a móveis com preços razoáveis continuaria, cada um de nós escolheu só um prato. 

A escolha do Fernando foi leitão de leite com tutu de feijão, tartar de banana com pimenta biquinho e um ovo de codorna estalado que dava ao prato um ar de PF chique. 


A arquiprima Carol foi de gnocchi com ragu de costela e uma saladinha por cima para dar aquele toque light no psicológico. 

O toque light do meu risoto de cogumelo com bife à milanesa foi as folhinhas de salsa...

Achei o risoto um pouquiiiinho salgado, mas acho que a culpa é do meu paladar de filha de hipertensos, acostumada a comer tudo sem sal. Tirando esse detalhe ínfimo, o prato estava ótimo!
Aliás, já fomos várias vezes ao Attimo e sempre achei que ele pudesse se chamar Óttimo. 
Não custa avisar que os preços lá subiram muito. Saí do restaurante desta vez achando que ele deveria se chamar  (preço) Alttimo. 

São Paulo - Fasano

Não vou negar que eu tinha um pé atrás com o Fasano, porque imaginava o lugar cheio de velhinhos de gravata borboleta, com suas esposas bem menos velhinhas usando casacos de pele. 
Sempre que o Fernando sugeria que fôssemos lá eu dizia: "Fasanos que não te vejo" e escolhia outro lugar. 
Um dia eu finalmente me curvei e resolvi enfrentar os velhinhos aristocratas de frente. 
Qual não foi minha surpresa quando, ao chegar no restaurante, não encontrei nenhum velhinho acendendo charuto com nota de cem dólares. Foi quase uma decepção... Rs!
O lugar é lindo e aconchegante, daqueles em que você passa horas sem ver o tempo passar. 
Na primeira vez que fomos ao restaurante fizemos o menu degustação (mas não tínhamos o blog), uma experiência que me encheu de amor e ódio. Amor, quando eu comia cada um dos pratos, e ódio, quando pensava que tinha relutado tanto em ir lá. 
Foi nessa primeira vez que vimos a Val Marchiori na mesa ao lado, abafando com seu casaco de pele numa noite em que não fazia tanto frio assim. 
Esse post é sobre outra ida nossa ao lugar, para comemorar o aniversário do Fernando e nosso de casamento. 
Dessa vez não fizemos o menu degustação, mas pedimos entrada, principal e sobremesa e saímos de lá satisfeitíssimos como sempre. Ah, e mais um ponto positivo: na mesa ao lado estava o Nando Reis. 

O amuse bouche, cortesia do chef, foi esse creme de couve-flor que desce macio e reanima, preparando o estômago para as gostosuras que estão por vir. 

A minha entrada lembrava um suflê ou uma empada gigante. Não consegui me decidir. Só sei que a massa era levíssima e...


... o recheio de cogumelos muito cremoso. 


A entrada do Fernando era uma massa com tinta de lula. Ele adorou!


Meu prato principal foi esse filé alto acompanhado de batatas com queijo. 


O Fernando também foi de filé, mas o dele era um Rossini, com um escalope de foie gras por cima. 


Eu pedi creme brulée, uma maravilha!


Pro Fernando, um mil-folhas com laranjas, perfumadíssimo.


Sabendo que comemorávamos datas especiais, eles nos ofereceram um bolo de chocolate, que eu não provei porque minha promessa ainda não tinha acabado, mas o Fernando traçou com gosto a minha parte e a dele. 


E, para acompanhar o café, mais docinhos. Só para a foto, porque não aguentei nem o café, muito menos os docinhos. Mais uma vez o maridão me representou. 


Além da comida perfeita, o staff do Fasano é mega gentil e atencioso, valendo a menção honrosa ao Manoel Beato, um dos maiores sommeliers do mundo!
Aprendi a adorar o Fasano, o que não é difícil, lógico. Afinal, é como dirigir um carro automático depois de anos dirigindo um mecânico: você estranha no começo, mas com coisa boa a gente acostuma rápido!