terça-feira, 25 de março de 2014

Paris - Le Taillevent**

O Taillevent é uma instituição parisiense, como o La Tour D'Argent. É um restaurante frequentado por artistas, políticos e, claro, gente curiosa como nós.
Ele teve 3 estrelas do Michelin durante um tempão, mas atualmente tem 2 delas.
Uma história curiosa: Salvador Dalí era habitué do restaurante e uma vez apareceu lá para almoçar com uma jaguatirica na coleira! Foi um bafafá. O maître perguntou discretamente se ele pretendia almoçar com o bicho e ele respondeu que sim; era aniversário do pintor e ele queria comemorar com o melhor amigo, seu felino de estimação.
Com o tradicional jogo de cintura de quem comanda esse tipo de restaurante, Dalí e seu gatinho foram acomodados à mesa e o almoço transcorreu normalmente. Depois da refeição, o maître disse ao Dalí que tinha achado o bicho meio entediado. Foi o suficiente para o excêntrico artista entender que, da próxima vez, devia deixar o amiguinho em casa.
Fomos ao restaurante sem jaguatiricas, onças ou tigres: só nós e os amigos Lu e Tolovi, que têm nos acompanhado pelas aventuras gastronômicas desta viagem.
Escolhemos o menu de almoço, harmonizado com vinho para todos menos eu que, com a gravidez, precisei combinar meus pratos com água. 
A surpresa do chef foi esse rolinho crocante (não vou dizer que era um rolinho primavera porque é chutar muito baixo) com lagostins, que pulei para o bem da minha glote (esquecemos de falar da minha alergia antes do início da refeição).


Minha entrada tinha aspargos brancos com creme levemente trufado. 

A do Fernando, obviamente, tinha foie gras! Raviolis recheados com o fígado dos pobres patinhos, que ele devorou sem dó!

Pedimos o mesmo prato: gigot d'agneau com vegetais. Ponto perfeito, macio, uma maravilha o cordeirinho.

Antes da sobremesa, queijo, é claro! Chèvre com uma torradinha de tapenade e salada por cima. Achei um pouco forte e não consegui comer tudo, mas era muito saboroso. 

Nossa sobremesa também foi igual: chocolate em várias versões, com noisette.

Para finalizar, café e gourmandises. Essas gourmandises são um abuso! Depois de uma refeição mais que completa, inclusive com sobremesa, eles trazem mais um monte de doce para acompanhar o que devia ser um simples cafezinho digestivo. Eu não tomo o café, mas como as gourmandises para não fazer desfeita, né...

Na saída do restaurante, tirei uma importante dúvida com o maître. Na área reservada aos banheiros havia três portas e cada uma ostentava uma letra: D, H, T. As duas primeiras significavam Dames e Hommes, respectivamente, por óbvio, mas e o T?? 
Como a curiosidade matou o gato e provavelmente a jaguatirica, perguntei o que era o T. O maître, já dando risada, me perguntou o que eu achava que era. Claro que não respondi as gracinhas que havíamos feito à mesa minutos antes, depois que eu voltei do banheiro e contei a novidade ("travec", sTaff...). Fiz uma cara séria e dei a resposta mais sensata que pude encontrar: TOUS (todos). 
Ele riu ainda mais e falou: "vamos abrir a porta e você vai descobrir".
Sentindo a ansiedade que só quem participou do programa Porta da Esperança pode descrever, fomos até lá e ele a abriu............................................
Do outro lado, numa sala minúscula, sobre uma mesinha, havia um TELEFONE!!!
Aí quem começou a rir fui eu e, sem me segurar, falei: "desculpa ter perguntado, mas sabe como é, la modernité..."
A maioria dos restaurantes não aceita nem um gatinho na mala e o Taillevent já aceitava jaguatiricas no século passado. Vai saber... Os caras são vanguarda!




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