sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Bordeaux - Le Gabriel* (AU REVOIR FRANCE)

Como já disse John Lennon, "the dream is over".
Chegamos ao último dia da nossa maravilhosa viagem e o coração está, contraditório que só, apertadamente em festa. 
Apertado porque isso aqui foi realmente um sonho e desapegar do sonho e abraçar a realidade é sempre difícil. 
Em festa porque estamos com saudade da nossa família, dos amigos, da nossa casa (reforma atrasou, teremos que aguentar a saudade um pouco mais) e do nosso país. 
E a última refeição em terras francesas tinha que ser caprichada, para fazer jus à viagem perfeita que tivemos. 
O restaurante é lindo e tem uma vista super legal do rio Gironde e do espelho d'água mais divertido que eu já vi. 


Como o almoço era de despedida, escolhemos o menu mais completo, com oito pratos. 

Para começar, uma saladinha colorida e saborosa, com legumes curtidos. 

Em seguida, caviar. Eu acho frescura, o Fernando adora. Senti mais o gosto do purê de couve-flor e do salmão defumado do que das ovas. 

Meu próximo prato foi peixe com uma espuma que explodia de vez em quando e um molho verde delicioso. 
O garçom serviu só um pouquinho do molho e deixou o pote na mesa. Quando eu já tinha comido quase o peixe todo, virei o pote do molho no prato e caiu muito. Resultado, parecia que tinham acabado de me servir um caldo verde, só que sem a colher. O jeito, sempre phyno, foi molhar o pão nesse molho para tentar secar um pouco. No final, meu prato estava todo sujo e lambuzado, cheio de farelo de pão e ainda com muito molho verde.

O Fernando foi de foie gras, molho de ostras e purê de alho negro e não fez nenhuma arte com o potinho de molho que também recebeu...

Em seguida ele comeu lagostim com caldo cítrico e coentro. 

Para o bem da minha glote, para mim veio marisco com legumes e um molho de tomate e gengibre que tinha óleo de chorizo. Excelente!

Quando esse prato chegou, achei que tivéssemos sido agraciados com um croquete de queijo, mas era de couve-flor! E o peixe era o temido lotte, o monstro do lago Ness que eu tinha comido no Atelier Jean-Luc Rabanel e prometido que nunca mais poria na boca! Paguei a língua, comi de novo e... adorei de novo!!!

Prato final, carré de cordeiro bem rosado e macio com tempero oriental. Ali no meio, sorbet de tomate! Quase pedi um sundae na saída do restô!

Último prato de queijos da viagem, no capricho habitual.

Pré-sobremesa. Se a Petrobrás tem o pré-sal, eles têm o pré-doce!!! Limão e maçãs com um biscoitinho no meio. A espuma não me apeteceu muito por dois motivos, não gosto de doces de limão e não curto espuma. Pelo menos era suave e o creminho embaixo deu uma ajudada. 

Na sobremesa propriamente dita, mais limão, maçãs e biscoitos. O mais diferente era esta ponte que ligava os dois montinhos. Açúcar caramelizado com um leve sabor de limão. Parecia uma sodinha, só que sólido. Se fosse de Coca seria ainda melhor! Para acompanhar, sorvete de açúcar mascavo. Mesmo sem ser fã de limão, a sobremesa arrasou!

Viajar e conhecer outros lugares sempre me fez olhar diferente para o Brasil. Quanto mais tempo eu passo longe, mais sinto vontade de voltar e percebo que meu lugar é lá, com as pessoas que falam a minha língua, que comem arroz com feijão quase todo dia e que sabem sambar sem parecer que estão tendo um ataque epiléptico. 
Amo viajar e amo meu país. Combinação perfeita, porque o começo e o fim da viagem são igualmente divertidos!
Agradecimentos especiais a todos que deram dicas, indicações, que torceram pelo sucesso da empreitada, que leram os posts e acabaram viajando junto conosco. 
Agradecimento mais que especial ao maridão, que bolou o roteiro, organizou visitas, fez reservas e foi, como sempre, o maior companheiro de viagem que eu poderia ter. 
E já que comecei o post com uma citação, nada melhor do que terminar com outra, desta vez do Saramago: "O fim de uma viagem é apenas o começo de outra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na primavera o que se vira no verão, ver de dia o que se viu de noite, com o sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre."
Então, RECOMECEMOS!

Um comentário:

  1. que fechamento! vale pra refeição, vale pro texto, e pro bom gosto da escolha da frase do saramago

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